Eu não amo ninguém

No que me pese o gosto de todos as paixões, nenhum será tão doce quanto o próprio sabor desta música. Está aí a eficácia de certa produção de som levada a cabo por certos veículos astrais humanos com sensibilidade apurada: descongestionar a energia acumulada nos centros de força e da psique – pois mesmo as sensações ditas afetuosas ou benevolentes constituem excesso de sentimentalismo tolo e ingênuo quando situadas no picadeiro de conspirações impessoais da ninfomania pós-moderna.

Viver em busca de um amor é rasgar lentamente com um punhal a carne do meu próprio coração.

Amo esta guitarra distorcida, amo a harmonia vocal sussurrante, amo a estética das sensações, amo (…) e viveria em sonho toda uma vida com a cor púrpura destas ondas mecânicas que amo,

mas não amo a pessoa alguma, além daqueles que devo amar pelo próprio dever da gratidão cosmogônica.

Loveless.

Uma consideração sobre “Eu não amo ninguém”

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