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Death Grips – ???????

GLASS

Sempre que acesso o site do Death Grips eu fico surpreso com a quantidade de lixo, leia-se: criatividade que lá vejo, isto é, me instiga a capacidade que estes jovens sombrios têm para produzir arte a partir de um um caldo cultural diversificado – da contracultura sessentista ao techno, passando pelo rap e música punk, chegando até a beirar a nova onda da música vapor para internet, tudo calcado num poço profundo de bad trips aberto nos escombros morais do século XXI – grande vazio existencial, comportamento auto-destrutivo e muita droga, sem deixar de exaltar um gosto estético bem suspeito e verdadeiramente atormentado.

O glorioso metal

Num universo quântico em que a consciência produz matéria – não o contrário – e dada a periculosidade da desesperança dos seres humanos niilistas ou sem fé, essa banda sueca de power metal usou-se de um portal transdimensional e invocou seu guitarrista, chamado Transcendental Protagonist, cuja responsabilidade é “a poesia da iluminação espiritual através da guitarra”, para agir na purificação dos corações e no despertar das mentes das nações para um Terceiro Milênio vindouro. Quer mais? É fantástico.

Tá aí o porquê de eu amar tanto o glorioso metal.

Sobre a cena musical

Iggy Pop, Stones, Velvet Underground, etc podem até ser muito bons, eu reconheço, mas, como brasileiro, sinto que nunca – nunca vou conseguir curtir a essência da vibe desses sons se não for na ocasião de overdose no banheiro sujo de um pub em UK.

Que bom que nunca consegui um intercâmbio na faculdade!

Não, pera! Com essas motivações, acho que quem não me quis foi o intercâmbio.

King Crimson e o fim

Embora em uma composição pobre, excetuando-se, claro, a originalidade inerente a qualquer som próprio da banda, o efeito pastiche de um new metal genérico de virada do século é exatamente o que o King Crimson objetivou nesse som: foi uma composição propositadamente empobrecida, para se demonstrar a penúria a que os músicos criativos são submetidos pela indústria, isto é, a uma limitação da estrutura, para conter teatro banal  de refrão cativante. Chega a ser irritante!

De uma das bandas de mais tradição no rock, um diagnóstico sobre o atual estágio das demandas do público ouvinte.

Só mesmo em épocas assim é que álbuns tão xexelentos quanto Songs for the Deaf, do TQOTSA,  podem ser aplaudidos como um dos melhores da década.

Enfim, a música – ou a vida, para esses assuntos, têm potencial para serem uma maravilha, até que sejam chutadas na cara pela inabalável voadora da Realidade, subsidiadas certamente pelo grande dedo do meio do Sistema.

 

 

A casa torna

Finalmente, aqui eu, de férias. Para a infelicidade das duas pessoas queriam, decidir não fazer a resenha dos últimos álbuns do SOAD.

1 – Como já expliquei, não gosto deles

2 – Nem tenho mais eles

3 – Minha biblioteca mudou muito, prefiro escrever sobre isso.

4 – Vão se foderem

Agora vai, novos posts jhá.

Mama

É com muita satisfação que trago para vocês um dos melhores lançamentos de 2012 – senão de toda a história da música brasileira até o dia de hoje. Reconhecedores da polêmica e confusão que suas carreiras despertaram nos setores mais conservadores e – por que não? – moralistas da sociedade brasileira, MC Catra e Valesca (a popozuda) lançam,enfim, uma música sem palavrão. A dupla abandonou o ritmo característico do funk carioca e partu para um som mais família, para tocar no almoço de domingo à tarde antes do futebol. Aqueles familiarizados com o trabalho dos dois ídolos do funk carioca antes desta reforma em busca de menos conflitos perceberão o lirismo, o romantismo e a paixão expressos na letra. Refrão divino, como que se fosse cantado por um coral de anjos. Com certeza o gênio destas duas lendas da música contemporânea brasileira está muitíssimo atento para o cenário musical nacional e demonstra que limites entre gêneros musicais não existem quando um artista é versátil e habilidoso. As palavras aqui talvez não consigam fazer juz às ideias, mas “evolução” e “transcendência” conseguem pelo menos chegar perto daquilo que esta música representa. A musa dos cabelos louros e popozão avaliado em milhares canta calmamente, sua voz soa leve e etérea; já Mc Catra com sua voz rouca e potente sussura no ouvido do ouvinte, causando arrepios àqueles que ouvem com fone de ouvido. Logo de início, na introdução, Valesca entrega uma estrofe com rimas em todos os versos – a musicalidade é esbanjada. Enfim, está aqui,cavalheiros, uma obra prima do pagode brasileiro.