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Can – Tago Mago(1971)

Tago Mago é um clássico. Mesmo “pouco” conhecido, é tão clássico quanto In The Court of The Crimson King, Black Sabbath, Trout Mask Replica, Master of Puppets, Hot Rats, A Love Supreme,The Velvet Underground & Nico, e etc. Nesse álbum, o Can apresentou caminhos musicais que seriam explorados, aperfeiçoados e reproduzidos por outras bandas nos anos seguintes. Segundo Holger Czukay, em Tago Mago, a banda alcançou “um mundo musical misterioso da luz para a escuridão e de volta à luz” ( o que faz muito sentido se pensarmos na sequência das músicas no álbum).

O álbum, de 1972, é uma das referências no “krautrock”, termo cunhado pela imprensa inglesa para depreciar o rock setentista experimental alemão. Com o passar do tempo, porém, o termo foi ganhando independência do tom pejorativo e atualmente serve para distinguir bandas experimentais e vanguardistas da Alemanha ou até de as outros países, como o Boredoms, do Japão. O objetivo dos artistas do gênero era criar uma sonoridade única, pautada na independendência do rock’n’roll, do blues,do jazz,da música pop alemã,em suma, de qualquer outra tendência musical predefinida. E por isso mesmo a banda alcança patamares inéditos na história da música,antecedendo gêneros e estruturas que se consagrariam décadas à frente, como dark ambient, power electronics, noise music e o delicioso ritmo motórico de bandas post-punk.

Músicas como “Mushroom” mostram todo o ritmo e precisão de Jaki Liebezeit, baterista que, junto com outros mesmos do krautrock, definiu o motorik beat, usado vastamente na década de 80 por bandas post-punk; “Oh Yeah” conta com Damo Suzuki “cantando” (gritando, escrotizando, esculhambando!) em japonês,com sua voz sendo gravada e tocada de trás para frente sob uma parede de barulho áspero ao fundo; “Halleluwah”, com seus 18:32 minutos, mostra uma banda em plena harmonia, com solos de violino, saxofone e teclado, enquanto Jake Liebezeit mantém o mesmo ritmo durante toda sua duração; “Augmn” e “Peking O” são o ápice da escuridão proposta pela banda: latidos de cachorro,correntes arrastadas, drum machines, cellos desafinados,percussões tribais e blast beats; “Bring Me Coffee or Tea” então retoma a paz – volta à luz – e descansa nossos ouvidos com suas melodias relaxantes.

Fato é que o mundo musical não saiu ileso a Tago Mago: incontáveis artistas assumem sua influência. Dentre eles temos John Lydon do the Sex Pistols, Bobby Gillespie do Jesus and Mary Chain, Mark Hollis do Talk Talk e Thom Yorke, do Radiohead. Tago Mago é uma experiência que todos os aficionados por música deveriam experimentar.

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